Pintamos de urucum, jenipapo e poá: outras cores em diálogo com a ciência e com a saúde
DOI:
https://doi.org/10.29397/reciis.v18i3.4633Palavras-chave:
Saberes indígenas, Povos tradicionais, Interculturalidade, Ciência, SaúdeResumo
A trajetória na ciência de Diádiney Helena de Almeida é um caminho formado de muitas vozes, cheias de ervas e de sons de folhas e galhos estalando no chão, pois o contato com as mulheres e com os homens ligados à natureza e seus usos de ervas para cura compõem não só a sua história de vida como também os seus interesses e motivações para a compreensão do mundo. Em entrevista à Reciis, a historiadora narra sobre suas pesquisas marcadas por leituras a contrapelo de documentos históricos, evidenciando a história vista de baixo, do cotidiano e da perspectiva de sujeitos marginalizados, particularmente, dos curadores populares, rotulados como curandeiros cujas práticas de cura foram apropriadas pela medicina brasileira do século XIX. A partir dos estudos, a pesquisadora percebe como as concepções de saúde e de doença dos povos indígenas foram rejeitados, descontextualizados e inferiorizados por um discurso científico guiado pelo extrativismo epistêmico em relação aos povos tradicionais. Preocupada com a permanência deste método colonial na forma de produzir conhecimento, questiona: “como é que a gente povoa esse conhecimento e essa concepção de saúde com outros corpos e com outras cores? A gente pinta isso de urucum, jenipapo, e dá uma revirada, não é?” Diádiney Helena de Almeida é professora da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).
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