Comunicando o incomunicável? Mulheres com endometriose, assimetrias e limites da empatia
DOI:
https://doi.org/10.29397/reciis.v18i3.4208Palavras-chave:
Dor, Comunicação, Empatia, Gênero, EndometrioseResumo
Neste artigo, analisamos o documentário Endometriose: uma vida moldada pela dor, material que tem como objetivo “mostrar, tirar da invisibilidade e dar voz” a mulheres que vivem com intensa dor crônica causada pela doença que dá título à obra. Discutiremos, preliminarmente, as dificuldades e potencialidades do testemunho da dor física, a partir de reflexões de Scarry, Sontag e Bourke. Em seguida, abordaremos três fatores de caráter histórico-social que podem ajudar a explicar o silenciamento da experiência das pacientes: os limites da compaixão médica, especialmente relacionados a questões de gênero, classe e raça; a construção da ideia do corpo feminino como inerentemente patológico e as complexidades na relação médico-paciente em sua interseção com o gênero. Por fim, no último tópico do trabalho, trataremos dos esforços das mulheres com endometriose no sentido de tornar sua dor inteligível e modular que resposta desejam receber de seus interlocutores.
Referências
BERRIOS, German E. Classic text n 66: ‘Madness from the womb’. History of Psychiatry, Londres, v. 17, n. 2, p. 223-235, 2006. DOI: https://doi.org/10.1177/0957154x06065699. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0957154X06065699. Acesso em: 6 ago. 2024.
BODDICE, Rob. Pain: a very short introduction. New York: Oxford University Press, 2017.
BOURKE, Joanna. Pain, sympathy and the medical encounter between the mid eighteenth and the mid twentieth centuries. Historical Research, Oxford, v. 85, n. 229, p. 420-452, 2012. DOI: https://doi.org/10.1111%2Fj.1468-2281.2011.00593.x. Disponível em: https://academic.oup.com/histres/article/85/229/430/5603386. Acesso em: 6 ago. 2024.
BOURKE, Joanna. The story of pain: from prayer to painkillers. New York: Oxford University Press, 2014.
CORREA, Amandha S.; ROHDEN, Fabíola. Síndrome dos ovários policísticos: performances “desatualizada” e “atualizada” em grupos no Facebook. Revista do Edicc, Campinas, v. 8, p. 7-16, 2022. Disponível em: https://revistas.iel.unicamp.br/index.php/edicc/article/view/6605. Acesso em: 6 ago. 2024.
COUSER, G. Thomas. Autopathography: women, illness, and lifewriting. Auto/Biography Studies, [s. l.], v. 6, n. 1, p. 65-75, 1991. DOI: https://doi.org/10.1080/08989575.1991.10814989. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/08989575.1991.10814989. Acesso em: 6 ago. 2024.
EHRENREICH, Barbara; ENGLISH, Deirdre. For her own good: two centuries of the experts’ advice to women. New York: Anchor Books, 2005.
ENDOMETRIOSE: uma vida moldada pela dor. Produção: Dandara Reynaldo, Isa Luchtenberg e Maria Helena Nogueira. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (28 min). Publicado pelo canal TV Endometriose Mulher. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tS-wjfl2jiQ. Acesso em: 1 abr. 2021.
GILMAN, Charlotte Perkins. The yellow wall-paper, Herland, and selected writings. New York: Penguin Books, 2009.
HEMINGWAY, Ernest. Contos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. v. 1.
HOFFMANN, Diane E.; TARZIAN, Anitta J. The girl who cried pain: a bias against women in the treatment of pain. Journal of Law, Medicine & Ethics, Cambridge, v. 29, p. 13-27, 2001. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1748-720x.2001.tb00037.x. Disponível em: https://www.cambridge.org/core/journals/journal-of-law-medicine-and-ethics/article/abs/girl-who-cried-pain-a-bias-against-women-in-the-treatment-of-pain/024AC6795D2AC4730D845F12790909CE. Acesso em: 6 ago. 2024.
HUME, David. Tratado da natureza humana. São Paulo: Editora Unesp, 2000.
MANTEL, Hilary. Giving up the ghost: a memoir. New York: Harper Collins, 2004.
MARTINS, Ana Paula Vosne. Visões do feminino: a medicina da mulher nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2004.
MCGREGOR, Alyson J. Sex matters: how male-centric medicine endangers women’s health and what we can do about it. New York: Hachette Go, 2020.
MEIGS, Joe Vincent. Endometriosis: its significance. Annals of Surgery, Boston, v. 114, n. 5, p. 866-874, 1941. DOI: https://doi.org/10.1097%2F00000658-194111000-00007. Disponível em: https://journals.lww.com/annalsofsurgery/citation/1941/11000/endometriosis_its_significance.7.aspx. Acesso em: 6 ago. 2024.
MOSCOSO, Javier. Pain: a cultural history. New York: Palgrave Macmillan, 2012.
NEZHAT, Camram; NEZHAT, Farr; NEZHAT, Ceana. Endometriosis: ancient disease, ancient treatments. Fertility and Sterility, Nova York, v. 98, n. 6S, p. 1-62, 2012. DOI: https://doi.org/10.1016/j.fertnstert.2012.08.001. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0015028212019553. Acesso em: 6 ago. 2024.
NORMAN, Abby. Ask me about my uterus: a quest to make doctors believe in women’s pain. New York: Nation Books, 2018.
RICH, Miriam. The curse of civilised woman: race, gender and the pain of childbirth in nineteenth-century american medicine. Gender & History, [s. l.], v. 28, n. 1, p. 57-76, 2016. DOI: https://doi.org/10.1111/1468-0424.12177. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/1468-0424.12177. Acesso em: 6 ago. 2024.
ROHDEN, Fabíola. Ginecologia, gênero e sexualidade na ciência do século XIX. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 8, n.17, p. 101-125, 2002. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-71832002000100006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ha/a/XrT4FHsQ9PQm6yJpM3Dmxsc. Acesso em: 6 ago. 2024.
ROUSSEAU, George S. A strange pathology: hysteria in the early modern world, 1500-1800. In: GILMAN, Sander L. et al. Hysteria beyond Freud. Berkeley: University of California Press, 1993. p. 92-223.
SCARRY, Elaine. The body in pain: the making and unmaking of the world. Oxford: Oxford University Press, 1985.
SEEAR, Kate. The makings of a modern epidemic: endometriosis, gender and politics. Surrey: Ashgate Publishing Limited, 2014.
SONTAG, Susan. Doença como metáfora. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984.
SMITH, Adam. Teoria dos sentimentos morais. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
WOOLF, Virginia. On being ill. New York: Paris Press, 2002.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 João Freire Filho, Júlia dos Anjos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Direitos de autor: O autor retém, sem restrições dos direitos sobre sua obra.
Direitos de reutilização: A Reciis adota a Licença Creative Commons, CC BY-NC atribuição não comercial conforme a Política de Acesso Aberto ao Conhecimento da Fundação Oswaldo Cruz. Com essa licença é permitido acessar, baixar (download), copiar, imprimir, compartilhar, reutilizar e distribuir os artigos, desde que para uso não comercial e com a citação da fonte, conferindo os devidos créditos de autoria e menção à Reciis. Nesses casos, nenhuma permissão é necessária por parte dos autores ou dos editores.
Direitos de depósito dos autores/autoarquivamento: Os autores são estimulados a realizarem o depósito em repositórios institucionais da versão publicada com o link do seu artigo na Reciis.