Arquivo marginal e suas trajetórias subalternas em manicômios e nas prisões

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29397/reciis.v17i2.3830

Palavras-chave:

Documentos , Arquivos Marginais , Memória, Comunicação, Saúde, Comunicação Pública

Resumo

Em entrevista à Reciis, Viviane Trindade Borges conta sobre sua trajetória acadêmica norteada pelas práticas, histórias de vida e experiências em instituições de internamento/confinamento – como manicômios,
leprosários e prisões – que ela estuda por meio de arquivos nelas encontrados. Para a pesquisadora, os documentos provenientes desses lugares “de sequestro”, como se refere Foucault a essas instituições, dizem respeito a memórias não reivindicadas e a eventos controversos marcados por traumas e violações de direitos humanos. Em suas pesquisas, a historiadora traz à tona trajetórias obscuras, anônimas e trágicas de sujeitos colocados à margem, ao descaso e levados ao esquecimento. Na entrevista, a cientista ressalta a exigência de um posicionamento ético na recuperação de histórias reveladas em arquivos marginais, de modo que não se limite à estigmatização e/ou à exotização; comenta sobre o seu entendimento do conceito de arquivo marginal e a importância da comunicação histórica que permite ativar memórias, interagir e elaborar visões sobre o passado que ainda reverberam no presente. Viviane Trindade Borges é Professora Associada da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).

Biografia do Autor

Viviane Trindade Borges, Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Humanas e da Educação. Florianópolis, SC

Doutorado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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Publicado

30-06-2023

Como Citar

Borges, V. T. (2023). Arquivo marginal e suas trajetórias subalternas em manicômios e nas prisões. Revista Eletrônica De Comunicação, Informação & Inovação Em Saúde, 17(2), 408–422. https://doi.org/10.29397/reciis.v17i2.3830