Sistema Único de Saúde: acessibilidade das pessoas surdas no interior da Bahia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29397/reciis.v17iAhead-of-Print.3518

Palavras-chave:

Sistema Único de Saúde, Usuários do SUS, Acessibilidade, Pessoas surdas, Libras

Resumo

A acessibilidade das pessoas surdas no Sistema Único de Saúde ainda é precária devido às barreiras de comunicação. O objetivo do estudo foi analisar o acesso e o atendimento ofertado à comunidade surda nos serviços de saúde públicos, no município de Vitória da Conquista, Bahia, por meio de uma pesquisa qualitativa. Participaram oito profissionais de saúde e treze usuários surdos, cujos dados foram coletados com aplicação de um questionário e um roteiro de entrevista semiestruturada. Os resultados, com base na análise do conteúdo, apontaram que não há capacitação, as Unidades Básicas de Saúde não apresentam estratégias de acessibilidade nos atendimentos, têm rara comunicação em Libras e um número reduzido de intérpretes – o que dificulta a comunicação entre o profissional de saúde e o usuário surdo. A formação em Libras e a presença de um intérprete são apontadas como estratégias para um atendimento de qualidade às pessoas surdas.

Biografia do Autor

Gabriela Santos Rodrigues, Universidade Federal da Bahia, Instituto Multidisciplinar em Saúde, Campus Anísio Teixeira. Vitória da Conquista, BA

Graduanda em Medicina pela Universidade Federal da Bahia.

Danúsia Cardoso Lago, Universidade Federal da Bahia, Instituto Multidisciplinar em Saúde, Campus Anísio Teixeira. Vitória da Conquista, BA

Doutorado em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos.

Nayra Marinho Silva Paz, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Vitória da Conquista. Vitória da Conquista, BA

Mestrado em Linguística pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

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Publicado

31-10-2023

Como Citar

Rodrigues, G. S., Lago, D. C., & Paz, N. M. S. (2023). Sistema Único de Saúde: acessibilidade das pessoas surdas no interior da Bahia. Revista Eletrônica De Comunicação, Informação & Inovação Em Saúde, 17(4), 815–834. https://doi.org/10.29397/reciis.v17iAhead-of-Print.3518