Dossiê Saúde Digital (v. 17, n. 3) jul./set. de 2023

03-01-2023

As tecnologias da informação e da comunicação (TICs) e a interconectividade foram destacadas na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável como ferramentas “para acelerar o progresso, reduzir a divisão digital e desenvolver sociedades do conhecimento”. O uso das TICs na área da Saúde e os processos socioeconômicos dele decorrentes fazem parte da área de conhecimento e prática que vem sendo denominada de Saúde Digital. A Saúde Digital também englobaria termos anteriores como “e-Saúde” e “Saúde 4.0”, mas é ainda considerada um conceito polissêmico, complexo e em construção.

Em 2005, na Assembleia Mundial de Saúde, a Organização Mundial de Saúde (OMS) instigou os países membros a elaborar planos estratégicos para o desenvolvimento e a implementação de estratégias de e-Saúde. Já em 2021, a OMS publicou a Estratégia Global de Saúde Digital 2020-2025, ressaltando sua importância para ampliar o acesso à saúde e beneficiar as pessoas de maneira ética, segura, confiável, equitativa e sustentável. Nesse sentido, tanto o documento da OMS quanto o manual da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) para o uso de inteligência artificial em saúde enfatizam a importância de princípios orientadores, especialmente: transparência, acessibilidade, escalabilidade, replicabilidade, interoperabilidade, privacidade, segurança e confidencialidade, centralidade nos usuários e não discriminação.

Apesar de seu potencial, a Saúde Digital se apresenta com grandes desafios e riscos. O “Paradoxo da Saúde Digital” é um exemplo. O potencial de ampliar o acesso à saúde se depara com a divisão digital, fazendo com que os indivíduos que poderiam ser os maiores beneficiados sejam os que têm menos condições de utilizá-la (pela exclusão digital, por exemplo), e ainda tornando-os mais vulneráveis em um cenário de infodemia e desinformação, além da possibilidade de uso de seus dados.

Reconhecida recentemente como um direito fundamental na Constituição Federal Brasileira, a proteção de dados pessoais é outro desafio importante diante da rápida digitalização dos serviços de saúde. A Lei Geral de Proteção de Dados classifica os dados de saúde como sensíveis e que, portanto, precisam ser tratados com cuidado redobrado, porque podem gerar algum tipo de preconceito ou discriminação, ampliando a condição vulnerável dos cidadãos.

Com a pandemia de covid-19 e o estabelecimento de políticas e ações voltadas à Saúde Digital, houve um aumento significativo no desenvolvimento e na implementação das estratégias de Saúde Digital no Brasil. Sendo assim, faz-se cada vez mais necessária a discussão dos inúmeros aspectos que fazem parte desse vasto campo. Este dossiê da Reciis tem como objetivo fomentar a reflexão e a discussão de diferentes temas, abordando tanto aspectos conceituais e abstratos quanto desafios práticos associados à infraestrutura, ao uso de dados de saúde e à governança da Saúde Digital.

Serão avaliados artigos originais nos seguintes eixos temáticos:

  • Definição/Conceito de Saúde Digital;
  • Direitos Humanos, direitos digitais, ética, privacidade, proteção de dados pessoais;
  • Determinantes sociais de saúde, justiça cognitiva, literacia digital;
  • Ciência de dados e Inteligência Artificial na saúde;
  • Saúde móvel, Telessaúde, infraestrutura, conectividade e redes;
  • Saúde pública digital: vigilância em saúde, sistemas de informação, planejamento e gestão;
  • Comunicação de dados, Infodemia, Desinformação;
  • Economia na Saúde Digital: conflitos e articulações entre setores público e privado.

Editores convidados: Raquel De Boni (Icict/Fiocruz), Matheus Z. Falcão (Cepedisa/USP) e Rodrigo Murtinho (Icict/Fiocruz),

Prazo de submissão: até 10 de abril de 2023.

Estimativa de publicação: v. 17, n. 3, julho/setembro de 2023.

Ao submeter o trabalho, por favor, use a categoria Dossiê Saúde Digital.

 

Dossier Santé Numérique (v. 17, n.3) juill./sept 2023

Les technologies de l’information et de la communication (TICs) et l’interconnectivité ont été mises en évidence à l’Agenda 2030 pour le Développement Durable comme des outils « pour accélérer le progrès, réduire la division numérique et développer des sociétés du savoir ». L’utilisation des TICs dans le domaine de la Santé et les processus socio-économiques qui en découlent font partie du domaine du savoir et de la pratique récemment nommé Santé Numérique. La Santé Numérique comprendrait aussi des termes précédents comme « e-Santé » et « Santé 4.0 » mais elle est toujours considérée comme un concept polysémique, complexe et en construction.

En 2005, dans l’Assemblé Mondiale de Santé, l’Organisation Mondiale de la Santé (OMS) a incité les pays membres à élaborer des plans stratégiques pour le développement et la mise en œuvre de stratégies d’e-Santé. En 2021, l’OMS a publié la Stratégie Mondiale pour la Santé Numérique 2020-2025, soulignant son importance pour élargir l’accès à la santé et bénéficier les personnes de manière éthique, sécurisé, fiable, équitable et durable. À cet égard, le document de l’OMS aussi bien que le manuel de l’Organisation Panaméricaine de la Santé (OPS) pour l’utilisation de l'intelligence artificielle en santé met l’accent sur l’importance des principes directeurs, notamment : la transparence, l’accessibilité, l’extensibilité, la reproductibilité, l’interopérabilité, la privacité, la sécurité et la confidentialité, la centralité vers l’usagers et la non-discrimination.

Malgré son potentiel, la Santé Numérique se présente avec des grands défis et risques. Le « Paradoxe de la Santé Numérique » est un exemple. Le potentiel d’élargissement de l’accès à la santé s’affronte à la division numérique, faisant des individus qui pourraient s’en bénéficier les plus, ceux qui ont les moins de conditions d’en faire (à cause de l’exclusion numérique, par exemple); et les rendant encore plus susceptibles dans un cadre d’infodémie et désinformation, en outre de la possibilité d’utilisation de leurs données.

Récemment reconnue comme un droit fondamental dans la Constitution Fédérale brésilienne, la protection des données personnelles est un autre défi important face à la numérisation rapide des services de santé. La Loi Générale de Protection de Données classifie les données de santé comme sensibles et qui ont, donc, besoin d’être traité avec une attention redoublée, car ils peuvent gérer un certain type de préjugé ou discrimination, augmentant la condition vulnérable des citoyens.

Avec la pandémie de covid-19 et l’établissement de politiques et d’actions concernant la Santé Numérique, il y a eu une augmentation significative dans le développement et dans la mise en œuvre des stratégies de la Santé Numérique au Brésil. De cette manière, il est à nécessaire, chaque fois un peu plus, de discuter les nombreux aspects qui font partie de ce vaste domaine. Ce dossier Reciis a comme objectif de promouvoir la réflexion et la discussion de différents thèmes, abordant tant les aspects conceptuels et abstraits que les défis pratiques liés à l’infrastructure, à l’utilisation de données de santé et à la gouvernance de la Santé Numérique.

 

Les articles originaux seront évalués dans les axes thématiques suivants :

 

  • La Définition/le concept de Santé Numérique ;
  • Les droits humains, les droits numériques, l’éthique, la privacité, la protection de données personnelles ;
  • Les déterminants sociaux de santé, la justice cognitive, la culture numérique ;
  • La science de données et l’Intelligence Artificielle dans la santé ;
  • La santé mobile, la télésanté, l’infrastructure, la connectivité et les réseaux ;
  • La santé publique numérique : la surveillance de la santé, les systèmes d’information, la planification et la gestion ;
  • La communication de données, l’Infodémie, la Désinformation ;
  • L’économie en Santé Numérique : les conflits et les articulations entre les secteurs public et privé.

 

Éditeurs invités : Raquel De Boni (Icict/Fiocruz), Matheus Z. Falcão (Cepedisa/USP) e Rodrigo Murtinho (Icict/Fiocruz).

Délai de soumission : jusqu’au 10 avril 2023

À paraître : v.17, n.3, juillet/septembre 2023.

Lors de la soumission du travail, veuillez utiliser la catégorie Dossier Santé Numérique.