Dossiê Arquivo, Memória e Saúde (v. 17, n. 2) abr./jun. de 2023
Os arquivos são instituições que expressam relações de poder. Silêncios, esquecimentos, apagamentos e invisibilidades não são elementos neutros na construção de suas fontes e fundos; como também não são neutras as formas como esses elementos lembram e tornam visíveis certos indivíduos, grupos sociais, instituições e acontecimentos históricos. A partir deles podemos perceber questões como a negociação entre memória e esquecimento, o direito ao uso e à privacidade de dados pessoais e a luta por reconhecimento e prevalência de dinâmica de poderes e interesses. Em um momento no qual vozes minorizadas são caladas, muitas vezes à força e de forma violenta, há que se ressaltar a importância dos processos de arquivamento de suas experiências como sujeitos históricos e o papel das instituições de memória. A ideia de arquivo como memória coletiva é por vezes empregada como metáfora para discutir o papel social e cultural dos arquivos. Argumenta-se aqui que a ideia é mais do que apenas uma metáfora. O conceito é sustentado por teorias que veriam coleções de documentos artefatos materiais como meio de estender o alcance temporal e espacial de comunicação. Arquivos, juntamente com outros recursos comunicacionais como oralidade, tradição e ritualidades, ajudam a fazer circular informações – e assim sustentar a memória – sobre o passado e a projetar memórias para futuros.
Este dossiê procura lançar olhares críticos às políticas, processos e práticas de arquivamento relacionados a documentos que versam sobre saúde. Também integra o escopo de possibilidades de análise a discussão sobre as transformações nos arquivos de instituições de saúde no contexto da cultura digital contemporânea.
Em resumo, o dossiê procura abarcar, de maneira interdisciplinar, especialmente com os campos da Comunicação, da Ciência da Informação, da História e da Saúde Coletiva, os seguintes temas:
- Teorias, políticas e práticas arquivística em relação a fenômenos de saúde;
- Arquivos e práticas arquivísticas em instituições de ciência e saúde;
- Usos de arquivos públicos, privados e pessoais em pesquisas envolvendo comunicação, informação e saúde;
- Modos de organização, acesso e divulgação de arquivos e coleções de documentos integrantes do patrimônio da ciência e da saúde;
- Comparações entre políticas nacionais de organização, conservação e acesso a arquivos;
- Os arquivos em suas dinâmicas de trabalho de memória e esquecimento.
- Arquivo, memória e gestão da informação;
- Os arquivos e as formas de lembrança/esquecimento, visibilidade/invisibilidade, de grupos sociais minorizados a partir de marcações de raça, gênero, sexualidade, classe, doenças e assim por diante;
- A cultura digital e os processos de arquivamento;
- Dados pessoais, privacidade e produção de arquivos como prática mercadológica em saúde;
- Arquivo, subjetividade, memória e saúde.
Editores convidados: Ana Paula Goulart Ribeiro (ECO/UFRJ), Luciana Heymann (COC/Fiocruz) e Igor Sacramento (Icict/Fiocruz).
Prazo de submissão: até 28 de fevereiro de 2023.
Estimativa de publicação: v. 17, n. 2, abril/junho de 2023.
Ao submeter o trabalho, por favor, use a categoria Dossiê Arquivo, memória e saúde.